PARA SÉRGIO RODRIGUES, COPA NO BRASIL É A MENOS
EMPOLGANTE DOS ÚLTIMOS ANOS
Às
vésperas da Copa do Mundo, futebol e literatura tomaram conta da 14ª Feira
Nacional do Livro de Ribeirão Preto quando o jornalista e escritor Sérgio
Rodrigues subiu ao palco do Theatro Pedro II, neste sábado, 24. Seu último
romance, “O Drible”, é um drama que utiliza o esporte mais popular do país como
fio condutor da história. Além do livro, Rodrigues tentou explicar por que o
futebol é tão pouco utilizado na literatura nacional e porque considera a Copa
no Brasil um desastre.
Respondendo
à plateia, o escritor criticou a Copa que começa em 12 de junho. “Desde 1970,
quando comecei a acompanhar Copas, nunca vi uma Copa tão desanimada. Eu atribuo
isso ao desastre da organização. Isso não estava na cabeça do governo há sete
anos. O Brasil não deveria ter se candidatado. Essa Copa deveria ser feita aqui
daqui a 20 anos”, completou. O escritor ainda fechou sua opinião ironizando o
país do futebol. “A Copa do mundo no país do futebol é a Copa pela qual o país
do futebol menos se interessou”.
No
dia em que a Feira discutiu a condição da Juventude no país, Rodrigues agradou
a plateia com um bate-papo futebolístico. Sérgio iniciou a conversa falando de
Peralvo, um de seus personagens, que no livro é revelado como um garoto
especial, título merecido pela velocidade, por conseguir ganhar o lance das
jogadas segundos antes dos outros. O autor destaca que a história de Peralvo é contada
a partir das impressões do pai dele. “Dai vem a questão, ‘e se’ um jogador foi
realmente mágico?” questiona ele.
O escritor ainda contextualiza o
famoso lance de Pelé contra a Checoslováquia, usado no início do livro, com o
livro em si. Ele mostra que o livro é um drible. “Através da narrativa, o livro
também tenta dar um drible no leitor. É uma surpresa. Assim como o pai de
Peralvo tenta driblá-lo”, descreveu. Sérgio também se lembrou de uma entrevista
que fez com o Rei do futebol, onde Pelé disse: “Tantos gols lindos para serem
lembrados, mas sempre se lembram dos que eu não fiz”.
“Meus livros costumam ser
encharcados de histórias. Eu uso música, esportes, culturas. Sempre preciso
enraizar a história nisso. É o meu jeito de trabalhar”, acrescentou o escritor,
que também comentou que a junção de literatura e futebol no livro “deu samba”.
Entre as grandes inspirações para “O
drible”, Sérgio foi direto: Nelson Rodrigues. “Eu admiro o Nelson. Não só como
cronista esportivo, mas também como dramaturgo. Como escritor, eu devo muito a
ele e sua participação no livro é uma forma de homenageá-lo”, explanou.
Ao abrir a rodada de perguntas,
Sérgio foi questionado sobre a aparição das artes marciais e se elas poderiam
roubar o lugar do futebol nos corações dos brasileiros. Sendo certeiro,
Rodrigues disse que nem a Fórmula 1, em sua melhor forma, conseguiu tal feito e
que não será o MMA que fará isso.
Sérgio Rodrigues ainda falou sobre
seus trabalhos desde o começo de sua carreira, como o trabalho de correspondente
do Jornal do Brasil em Londres e também suas experiências no O Globo e na TV
Globo.
Fonte: Wolfgang Pistori - Imprensa
www.feiradolivroribeirao.com.br
Fundação Feira do Livro
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