quarta-feira, 21 de maio de 2014

Dia 20 de Maio - O Livro e a Leitura Diante da Condição do Índio no Brasil


Raoni encanta plateia e diz que índio não quer conflito com homem branco



O Theatro Pedro II lotou nesta terça-feira, dia 20 de maio, para ouvir o cacique Raoni e especialistas no tema da Mesa de Debates: “O livro e a leitura diante da condição do índio no Brasil”. O encontro começou com um índio declamando, em português, uma poesia que relata a vida indígena. Raoni, com seus 85 anos, falou em caiapó, com tradução de um intérprete: “É uma honra estar aqui e falar sobre os meus costumes”, salientou. Ele fez questão de reforçar que no Brasil os primeiros habitantes foram os indígenas e que atualmente os governantes querem diminuir as terras deles. “Não quero que o homem branco entre em conflito com os índios”. A apresentação dele foi encerrada com todos em pé, gritos e a platéia cumprimentando o índio. Também participaram da Mesa o índio Roni Wasiry Guará, que saudou a platéia em sua língua e depois arrancou aplausos e sorrisos do público com histórias bem humoradas sobre sua tribo. O escritor índio Daniel Munduruku também participou e se disse emocionado por estar frente ao cacique Raoni, que ele tem como espelho. A última debatedoraMaria Silva Cintra Martins, pesquisadora e professora com experiência na área de Linguística, disse que temos muito o que aprender sobre lingüística e diversidade cultural . “Entendi a importância de desvendar a diferença de línguas, eu tendia a falar como se todos fossem iguais e a língua também.”

Para cientista social, racismo é “problema de época”



Na segunda-feira dia 19, dia em que feira discutiu a condição do negro no Brasil, o Theatro Pedro II recebeu o cientista social Valter Roberto Silvério. O convidado, que dá aulas na Universidade Federal de São Carlos e possui graduação e bacharelado em Ciências Políticas e Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, parabenizou a 14ª Feira Nacional da Feira do Livro de Ribeirão preto pela escolha do tema e do país homenageado, a África do Sul. Valter começou o bate-papo citando temas polêmicos que englobam o universo do negro, como a escravidão, abolição, discriminação social e racial. Ele se diz triste ao observar na longa e larga literatura o sujeito social negro sempre sendo tratado como mercadoria. “A forma e o conteúdo na produção cultural e literária quando associada à raça não pode ter o mesmo valor de quando o autor é branco, isso é impressionante”. O professor citou a existência de três livros com o mesmo nome “Negrinha” e todos de épocas e autores diferentes, mas com o negro sempre no mesmo lugar social, o de escravo ou de classe baixa. “Existe um esforço deliberado para manter intacta a posição social do negro na literatura”, finalizou Silvério.

Tem muita África no ‘Pequeno Príncipe’, diz especialista 


Com o foco no livro e na leitura, a Mesa de Debates desta segunda-feira, 20 de maio, no Theatro Pedro II, discutiu a condição do negro no Brasil. A mesa, contou com a participação da historiadora e escritora Cidinha da Silva e Dagoberto José Fonseca, mestre em Ciências Sociais e pós-doutor em Educação. A marginalização do negro, as leis antirracistas, educação, leitura e datas comemorativas foram alguns dos assuntos mais comentados na mesa de debate, que teve participação ativa da plateia durante todo o evento. O ponto alto da discussão foi sobre as leis e datas comemorativas. “Essas poucas leis que possuímos hoje, só vieram para representar e consolidar uma luta histórica, elas são apenas números e não existiriam se essa luta não tivesse sido travada há muito tempo”, defendeu o professor Dagoberto, que falou muito também sobre a literatura e as mensagens não lidas pela população. “Muitas histórias famosas escondem a cultura africana, como o best-seller “O Pequeno Príncipe” que as professoras passam aos alunos, mas não sabem o cenário dessa história, tem muita África naquele livro”, finalizou.


Fonte:   Wolfgang Pistori - Imprensa
            Fundação Feira do livro de Ribeirão Preto


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