Mesa de debate sobre
Meio Ambiente assusta publico com dados negativos sobre poluição e falta d’água
no mundo
“Durante a ditadura militar, enquanto
os outros países começavam a discutir sobre as consequências da poluição, o
Brasil fazia campanha em jornais importantes no exterior com o slogan “venham
nos poluir”, pois a poluição traria desenvolvimento, o governo alegava”. O
relato é de Alfredo Sirkis, escritor, jornalista e ex-secretário de Urbanismo
da Cidade do Rio de Janeiro, que, ao lado do escritor e engenheiro civil
ribeirãopretano Alberto Gonçalves, formaram a Mesa de Debates desta
sexta-feira, 23 de maio, para discussão do tema: “O livro e a leitura diante da
condição do meio ambiente no Brasil”, que aconteceu no salão principal do
Theatro Pedro II, às 16h.
Durante sua fala, Sirkis ilustrou
como marco das questões ambientais no Brasil, uma história que aconteceu em
Porto Alegre em 1975. “Havia um projeto para alargar uma avenida importante e uma
grande árvore no meio do caminho seria derrubada, um estudante mineiro, que
residia na cidade, resolveu subir nessa árvore e com esse ato conseguiu
salvá-la, pra mim esse foi o Genesis do início da preocupação com o meio
ambiente no nosso país”, finalizou Alfredo.
O escritor ribeiraopretano Alberto
Gonçalves focou sua fala no aquífero Guarani e no consumo de água no planeta e
chocou a plateia com números altíssimos de desperdício. “Para conseguirmos
manter o consumo, precisaríamos de cinco planetas iguais ao nosso, somente para
manter, pois nem esses cinco planetas seriam suficientes para satisfazer o
nosso alto consumo. Vivemos numa sociedade onde tudo é feito para gerar mais
consumo, mais lucro, os produtos são todos feitos com ‘obsolência programada’,
o capitalismo não se sustenta se o consumo diminuir”, enfatizou o escritor, que
ainda criticou o governo pelo descaso com o meio ambiente. “Essa ideia de
sustentabilidade é uma hipocrisia, esse conceito sustentável é hipócrita, o
consumo não vai diminuir”, completou.
Os dois escritores abriram espaço
para perguntas e focaram no emergencial. O ex-secretário alertou para os
perigos dos lixões a céu aberto e foi enfático ao falar da reciclagem como
opção para diminuição desse lixo. “O lixo só é considerado lixo, pois está
misturado, mas quase tudo que se joga fora pode muito bem ser reaproveitável”.
Para finalizar, o ribeirãopretano
falou sobre problemas sem solução para o aquífero Guarani e deixou a plateia
com uma questão para refletir. “As soluções que apresentaram nos estudos
realizados até hoje são inviáveis, nós consumimos cerca de 80m³ mas a natureza
só consegue repor 46m³. E quando nossa água acabar?”.
A arquiteta e urbanista Nayara
Sartorato, que veio a Ribeirão Preto especialmente para a Feira do Livro, saiu
satisfeita da palestra. “Apesar de me preocupar com o consumo sustentável nos
meus projetos, estou mais atenta, eu não sabia desses dados tão preocupantes,
que bom que agora eu e todos que assistiram a palestra tomamos nota, já passou
da hora de se conscientizar.”
A bióloga e doutora em Educação
Ambiental Clarice Sumi Kawasaki, que também participaria da Mesa de Debates,
alegou problemas de saúde e não participou do bate-papo.
Fonte: Wolfgang Pistori - Imprensa
Fundação Feira do Livro.
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