Gregório Duvivier, ovacionado no lotado Theatro Pedro II, revela que Porta dos Fundos vai lançar filme
Pedro II
lotado, filas na Esplanada com três horas de antecedência, convidado emocionado
com a recepção do público e arrancando suspiros com suas histórias e declamação
de poemas, fila de mais de 200 metros para conseguir um autógrafo. Esse pode
ser o resumo do Salão de Ideias com o ator e escritor Gregório Duvivier, do
Porta do Fundos, que ocorreu na tarde desta quinta –feira, na 14ª feira Nacional
do Livro de Ribeirão Preto. No palco do
Theatro Pedro II, Duvivier revelou que o grupo vai lançar seu primeiro longa
metragem, um épico ao estilo de Games of
Thrones, em junho de 2015.
Duvivier
entrou no palco ovacionado por um teatro totalmente lotado. Visivelmente
emocionado, o ator relatou que a primeira vez que esteve em Ribeirão Preto foi
em 2012, apresentado uma peça no Sesc para a menor plateia de sua vida. O
motivo: na mesma data acontecia a exibição do último capítulo da telenovela
“Avenida Brasil”.
O ator
iniciou o bate-papo falando de como é fazer humor no Brasil. Segundo ele,
trabalhar com o gênero no país é muito fácil, porque aqui as piadas já vêm prontas.
Duvivier citou como exemplo o Rio de Janeiro, que está a menos de um mês da
Copa do Mundo e tudo ainda está o mesmo caos. “Como não fazer piada disso? Pra
mim o humor é uma ferramenta de denúncia. A ironia atinge a pessoas sem ela
perceber”. Ele ainda disse que nem todo humor é engraçado e xemplificando citando
o bullying, que considera um ato de covardia.
Como não
poderia ser diferente, o assunto Portas dos Fundos dominou o debate. Todos
queriam saber qual o próximo passo da trupe e se vão mudar a ideologia após
terem fechado contrato com a Fox. Duvivier tranquilizou todos os fã dizendo que
a emissora apenas irá passar os vídeos do grupo sem cortes durante o intervalo
de sua programação. Ele ainda adiantou que o grupo prepara uma série sobre Copa
do Mundo, que será vinculada todos os sábados de junho deste ano, e outras
sobre polícia e política para os meses de agosto e outubro.
Porém, a
notícia que levou a platéia ao delírio foi a informação em primeira mão que o
Porta dos Fundos prepara um filme épico medieval ao estilo do sucesso “Game of
Thrones” para o meio do ano que vem. Quem escreveu o roteiro foi o próprio
Duvivier. “Eu terminei o roteiro esta semana e enviei para revisão, as
gravações começam em janeiro de 2015 e o filme deve ser lançado em junho do
mesmo ano”.
O ator fez
questão de ressaltar que o humorístico mudou sua vida. “Antes do Porta dos
Fundos, eu não estava feliz com minha carreira de ator na televisão”. Para Duvivier, eles tiveram uma grande sacada
ao perceber que a internet era o futuro. Ele ainda comentou que a melhor coisa
do Porta, além de trabalhar entre amigos, é ter prazo determinado para a
realização de cada trabalho. “Muita
gente não gosta de trabalhar com prazo determinado, já eu acho que escrevo
melhor se tiver dia e horário marcado para entregar as coisas”.
No Salão de
Ideias, ele ainda falou de assuntos polêmicos: AIDS, homossexualismo,
preconceito racial, política e como é fazer humor com estes temas. Recentemente,
o grupo lançou o “Viral”, uma série sobre um portador do vírus HIV,
interpretado pelo ator. “Este é um assunto polêmico que havia caído no
esquecimento e estes quatro episódios resgataram o tema”. Segundo ele, muitos médicos entram em contato
com a produtora elogiando a iniciativa.
O estudante
Cassiano Ferreira perguntou a Duvivier qual o papel da arte na quebra dos
preconceitos sociais. O ator respondeu que ela é fundamental, principalmente em
questões ligadas ao racismo e homossexualismo, pois ainda são tabus que as
pessoas tratam como algo invisível, pois o brasileiro, mesmo sabendo que o país
é muito preconceituoso, não gosta de admitir o preconceito.
Durante a
conversa, ele ainda leu poemas de seus livros e, quando fazia a leitura de um
deles de seu novo livro “Ligue os Pontos”, pediu para a platéia filmar e postar
nas redes sociais. O ator ainda
ressaltou que é a favor da Copa do Mundo porque gosta de futebol e agora já
está tudo pronto. “As pessoas não têm que gritar ‘não vai ter Copa’, mas sim
cobrarem uma investigação sobre o quanto foi gasto”.
A estudante Poliana Tomazini, de 17 anos, veio
de Franca apenas para ver Duvivier. “Eu admiro muito o trabalho dele desde o
filme “Apenas o fim” (2008), sou fã do Porta dos Fundos e tenho todos os seus
livros”.
Na Feira do Livro, João
Nery defende cota para transexuais em universidades brasileiras
“É um absurdo religião e política
governarem juntos, os evangélicos nas bancadas dizem que tudo bem você ser gay,
desde que você não pratique, mas isso é como dizer para um negro que ele pode
ser negro, mas que deve arrancar sua pele”. Para o militante Paulo Mariante,
ainda é longo o caminho para que os novos direitos dos Homossexuais sejam
praticados. A distância é causa, em grande parte, da confusão entre política e
religião que há no país.
Mariante, ao lado do transhomem e
escritor João Nery e do defensor público Paulo Giostri, participaram da Mesa de
Debates que debateu “o Livro e a leitura diante da condição do homossexual no
Brasil”, no Theatro Pedro II. O bate-papo da quinta-feira, 22, falou sobre leis
e direitos que protegem o Homossexual no Brasil, mas principalmente dos motivos
que levam a homofobia a ser mais recorrente do que se pensa. O evento foi
mediado pelo cartunista ribeirão-pretano Cordeiro de Sá.
João Nery, formado em psicologia e
ex-professor universitário defende a cota para transexuais nas universidades.
“Os transexuais são marginalizados e deixam de estudar por não conseguirem
lidar com as brincadeiras e muitas vezes agressões físicas, dizem que os homens
são de Marte, mulheres são de Vênus e os transexuais, não tem planeta?”,
brincou com a plateia.
O defensor público, Paulo Giostri
disse que, mesmo sendo evangélico, para ele os direitos humanos não são
negociáveis e que uma coisa deve ser tratada separada da outra. Questionado por
um ouvinte da plateia sobre o que a bíblia diz da homossexualidade o defensor
foi direto. “Preconceito é pecado, e quem achar errado que atire a primeira
pedra, eu não quero atirar esse pedra, eu quero combate-la”.
Em sua primeira Feira do Livro, João
Nery falou sobre o lançamento do seu livro “Viagem Solitária” e sobre a lei,
que leva seu nome, que garante a mudança do nome de batismo pelo nome social
dos transexuais. “A transexualidade ainda é vista como uma doença e além da não
aceitação pela sociedade, o transexual sofre preconceito dos próprios
homossexuais. Somos invisíveis, nós só aparecemos quando alguém pergunta o que
a letra T significa na sigla LGBTT” completa.
O machismo e a rotina escolar também
foram comentados, tanto pelos integrantes da mesa quanto pela plateia. “A
homossexualidade deve ser tema de discussão na escola, mas tem muita gente que
acha que isso vai ‘ensinar’ a ser gay e sinceramente não há besteira maior do
que esse pensamento”, lamentou Paulo Mariante.
Arthur
Fernandes, um menino transexual de 13 anos que mora em Ribeirão Preto,
acompanhou o debate da plateia e disse que foi à 14ª Feira Nacional do Livro de
Ribeirão Preto exclusivamente para ver João Nery e que se identificou com os
relatos do transexual. “Tudo que ouvi hoje superou minhas expectativas, estou
sem palavras”,
Em Conferência na Feira do Livro,
Jean Wyllys explica defesa da liberação da maconha
“Você sabia
que o Brasil produz mais de 50 mil homicídios por ano e que mais de 70% desses homicídios
estão ligados à guerra das drogas? Você sabia que o Brasil, em termos absolutos,
tem a 4ª maior população carcerária do mundo e que mais de 60% dessa população
está lá por causa do tráfico, além de ser jovem, negra ou pobre? Você sabia que
hoje no Brasil tem mais de 10 milhões de pessoas fazendo quimioterapia com
diferentes tipos de cânceres, que poderiam usar produtos derivados da cannabis
para suportar o tratamento com menos enjoos, tonturas, vômitos e dores e não
usam porque o uso desses produtos é proibido no Brasil? Você sabia que uma
pessoa que fuma um baseado pode dirigir tranquilamente já que não há lei seca
de um produto não legalizado?”.
Com esses questionamentos
o deputado federal Jean Wyllys explicou por que apresentou um projeto para liberação
da maconha no Brasil. Segundo ele, só pode haver controle através de regras e
restrições que dificultam o acesso quando um produto é legalizado, como a
bebida alcoólica ou o cigarro comum. “Esse projeto está muito mais a favor da
sociedade, da infância, das famílias do que os demagogos que falam mal do
consumo da maconha, mas se entopem de rivotril e de álcool”, finalizou o
deputado, aclamado por aplausos da platéia que encheu o Theatro Pedro II, em
Conferência na noite desta quinta-feira, na 14ª Feira Nacional do Livro de
Ribeirão. O tema da conferência foi “O Livro e a Leitura Diante da Condição do
Homossexual no Brasil”.
Formado em
jornalismo e mestre em Letras e Linguística, professor universitário e deputado
federal, Jean Wyllys ficou conhecido no país todo após vencer o Big Brother
Brasil, da TV Globo.
A maior parte da discussão tratou de temas que
abrangem os preconceitos, principalmente sobre o homossexualismo e as minorias
sociais. Jean ressaltou que o preconceito não é nada mais que um conceito preformado
diante da identidade cultural ou étnica que a sociedade impõe ou criou. Segundo
ele, a maneira de eliminar isso é combatendo a ignorância, isso é, por meio e
estudos e conhecimento, afinal, preconceito é uma falsa certeza. Para ele, a homofobia
causa a homofobia interna nos gays, pois passa uma ideia de inferioridade, de
vergonha e humilhação partilhada historicamente por todos, heteros, lésbicas,
travestis, homossexuais e bissexuais. “As pessoas conhecem de tudo um pouco,
mas esse pouco é mal e com isso seguem um boato e lincham uma pessoa. Muitas
vezes, a vida não consegue desfazer esses preconceitos e a pessoa morre com
eles”.
Jean disse que desde cedo a criança vive num
círculo preconceituoso, como quando um colega fala para o outro na escola: “
Você é uma mulherzinha”. Nessa frase, está se inferiorizando a mulher. Para ele,
o Dia do Orgulho da Parada Gay é de extrema importância para dar espaço para as
pessoas lutarem por seus direitos.
O deputado
parabenizou a 14ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto por discutir temas,
através da leitura e do livro, que envolvem a sociedade brasileira, como os
direitos da mulher , do negro, do deficiente e do homossexual, ou seja, os
direitos humanos no geral.
A médica
Lilian Grimm, 45 anos, disse que fez questão de levar sua filha Anabel, de 13
anos, à Conferência para que a menina conhecesse as ideias do deputado. Segundo
a mãe, “a filosofia de Jean facilita o diálogo”. Liliam disse que ouviu o
deputado pela primeira vez num evento comemorativo aos 30 anos de combate à
AIDS, em São Paulo.
Fonte-Wolfgang Pistori - Imprensa
www.feiradolivroribeirao.com.br
Fundação Feira do Livro
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